Em dado momento da vida me desencontrei de mim
Para mim mesmo, sou anônimo, o mais fundo dos meus pensamentos não entende minhas palavras, só sabemos de nós mesmos com muita confusão.
Guimarães Rosa
Em dado momento da vida me desencontrei de mim. Sabia o que eu não queria mais, porém naquele momento não conseguia pensar em que direção deveria seguir.
Para percorrer os labirintos que me separavam de mim mesma, decidi voltar para a análise. A partir daí, além de um percurso de análise em intenção, aconteceu um encontro com a psicanálise em extensão.
Anos de trabalho com o jornalismo me mostraram que para transmitir uma notícia é preciso se apropriar do texto do outro e torná-lo legível para muitos.
Carreguei comigo esse conhecimento – escuta, tradução, legibilidade –, e ao me aproximar da psicanálise tomei como “meta” tentar traduzir a teoria, fazendo dela algo mais acessível. E é esta meta que está na raiz (inconsciente) do nascimento do Conversa, o que somente foi possível perceber ‘num só depois’
E com Ana Suy lembro que não é possível almejar ser legível a todos e que falar é perder:
“Quando falamos tentamos traduzir a nós mesmos em palavras. Nunca se traduz uma coisa em outra sem perda. Falar é perder”.
Conversa de Analista 10 | 25/5/2020 | Parte 1
Com Helena de Castro Affonso
Psicanalista pela Escola Lacaniana de Psicanálise do RJ
Referências
- Uma temporada com Lacan | Pierre Rey
- Os discursos e a cura | Isidoro Vegh
- Se eu seria personagem | Tutaméia: terceiras estórias | João Guimarães Rosa