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Psicanálise e pandemia

O começo da pandemia foi o mote. O que podem os psicanalistas dizer da (e na) pandemia, no público, diante do Real lacaniano?

Assim, movida por algo indizível do meu desejo, surgiu a live Conversa de Analista, que a partir de março de 2020 foi ao ar pelo Instagram toda segunda-feira, às 16 horas.

Da questão inicial surgiram outras: o que a psicanálise nos ensina sobre viver em situações-limite? O que Freud e Lacan nos transmitiram sobre isso?  O primeiro viveu e realizou a sua obra sob duas grandes guerras. Sofreu na pele a perseguição nazista e teve que se refugiar em outra nação. O outro foi resistência na Segunda Guerra, e em pleno maio de 1968 estava na universidade apresentando seus Seminários, época em que Paris vivia uma histórica revolta estudantil.

E nós, psicanalistas de hoje, como estamos respondendo ao aforismo lacaniano que preconiza estarmos “à altura da subjetividade de nosso tempo”?

O Conversa de Analista

No Conversa, um psicanalista convidado e eu nos encontramos virtualmente para um bate-papo ao vivo sobre os mais variados temas: efeitos da quarentena; o medo que nos assombra; crianças em casa em tempo integral; ensino a distância; sessões de análise online e muito mais.

Inicialmente voltadas para a audiência “psi”, as lives conquistaram também um público leigo formado por pessoas que estão em processo de análise ou pretendem ingressar nele, e por interessados em saber mais sobre psicanálise. Esse movimento fez com que muitas perguntas pipocassem em meu Instagram pessoal.

A essa demanda, meu desejo responde criando este blog e um novo programa, O Labirinto, o qual apresento a seguir.

 

O Labirinto

Labirintos representam situações complexas, intrincadas. Em um labirinto é possível entrar, mas encontrar a saída é incerto.

O mais famoso labirinto é aquele construído por Dédalo, em Creta, para servir de prisão ao Minotauro, que a cada ano devorava sete rapazes e sete donzelas. Na literatura, o poema “O Labirinto”, do argentino Jorge Luis Borges, retrata a caminhada humana pela vida.

Já neste espaço, ele surge como representação simbólica de um percurso feito ao interior da psique humana. Os caminhos e descaminhos que em um percurso de análise nos levam ao inconsciente tal qual Freud o concebeu.

Assim como do labirinto desconhecemos a saída, o inconsciente governa a nossa vida, mas dele nada sabemos. Um percurso de análise nos mostra que se há dores na caminhada, há saídas e elas são libertadoras.

Em O Labirinto, a proposta é associar esse percurso à teoria psicanalítica, respondendo perguntas enviadas a mim.

 

O Labirinto | Jorge Luis Borges

Não haverá uma porta. Já estás dentro,
Mas o alcácer abarca o universo
E não tem nem anverso nem reverso
Nem muro externo nem secreto centro

Não penses que o rigor do teu caminho
Que fatalmente se bifurca em outro,
Que fatalmente se bifurca em outro,
Terá fim. É de ferro o teu destino

Como o juiz. Não creias na investida
Do touro que é um homem cuja estranha
Forma plural dá horror a essa maranha

De interminável pedra entretecida.
Não virá. Nada esperes. Nem te espera
No escuro do crepúsculo uma fera.