A peste que nos habita, a partir do livro “A Peste”, de Albert Camus
Nada mais natural, hoje em dia, do que ver as pessoas trabalharem da manhã à noite e optarem, em seguida, por desperdiçar no jogo, nos cafés e em tagarelices o tempo que lhes resta para viver. Mas há cidades e países em que as pessoas, de vez em quando, suspeitam que exista algo mais. Isso, em geral, não muda a vida delas. Simplesmente houve a suspeita, o que já é alguma coisa.
A Peste, Albert Camus
O livro A Peste, de Albert Camus, escrito em 1947, pode ser lido como uma crônica que descreve o cotidiano banal em uma cidade sem atrativos ao ser interrompido pela chegada da peste ou como uma metáfora da opressão e da resistência, como descreveu o próprio autor
“Eles não sabem que estamos lhes trazendo a peste” (Freud)
Em 2020, A peste nos remete à pandemia, mas também serve de metáfora para o estranho que nos habita. “Eles não sabem que estamos lhes trazendo a peste”, teria dito Freud a Jung quando ambos chegavam ao porto de Nova York para as conferências na Universidade de Clark, fazendo referência à descoberta freudiana do inconsciente, esse estranho que nos habita.
Na live A peste que nos habita, a partir do livro “A Peste”, Renata Conde Vescovi e eu trouxemos o livro de Camus para o debate tendo como fio condutor a teoria psicanalítica.
Conversa de Analista | 6 de julho de 2020
Com Renata Conde Vescovi
Psicanalista. Membro da ELP de Vitória. Professora convidada da Faculdade de Direito de Vitoria, onde desenvolve seminário semanal de Direito e Psicanálise.
Referências
- A Peste | Albert Camus
- Além do Princípio do Prazer | Freud (1920)
- O Mal-Estar na Civilização | Freud (1930)