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Porque a guerra | Parte 1: A carta de Einstein para Freud

A violência contra o outro foi descrita e analisada por Freud em diversos de seus textos.

Em 1915, em plena Primeira Guerra Mundial, Freud escreve “A desilusão diante da guerra”; em 1930, em “O mal-estar na cultura”, ele aponta o convívio com outros seres humanos como uma das três causas do mal-estar.

Em 1932, o físico Albert Einstein enviou uma carta a Freud na qual o interroga sobre se haveria alguma possibilidade de livrar a humanidade da ameaça das guerras. Na carta, Einstein lembra o insucesso das tentativas feitas até então com esse objetivo e destaca alguns fatores aos quais deveu-se o fracasso: ao intenso desejo de poder dos governantes; àqueles que veem a guerra, a fabricação e a venda de armas como uma oportunidade de expandir seus negócios e seu prestígio pessoal; aos que aceitam perder e sofrer com uma situação de guerra a serviço da ambição de poucos — incluindo aí os militares, que escolhem a guerra como profissão, “(…) na crença de que estejam servindo à defesa dos mais altos interesses de sua raça e de que o ataque seja, muitas vezes, o melhor meio de defesa”.

Einstein destaca ainda o fato de que as classes dominantes exercem poder sobre as escolas, a imprensa e, também, sobre a Igreja, o que possibilitaria organizar e dominar as emoções das massas e torná-las instrumento da mesma minoria.

No final da carta, ele dirige a Freud a seguinte pergunta: “Como esses mecanismos conseguem tão bem despertar nos homens um entusiasmo extremado, a ponto de estes sacrificarem suas vidas?” Einstein se aventura a formular uma resposta à sua própria pergunta: “É porque o homem encerra dentro de si um desejo de ódio e destruição. Em tempos normais, essa paixão existe em estado latente, emerge apenas em circunstâncias anormais; é, contudo, relativamente fácil despertá-la e elevá-la à potência de psicose coletiva.”

Continua em: Porque a guerra | Parte 2: A resposta de Freud para Einstein